terça-feira, 24 de abril de 2012

Uma baita irritação


 
O contato com elementos inflamatórios e microorganismos deixa os olhos vulneráveis à conjuntivite
Por Ana Paula Corradini

Pó que se acumula nos cantos da casa, pêlos de animais domésticos e pólen- eis aí ingredientes que deflagram a conjutivite, a inflamação da conjutiva, membrana que recobre a parte branca dos olhos. Não só isso causa a irritação. Se fungos, bactérias e vírus resolvem fazer festa ali, é barulho, opa, vermelhidão e lacrimejar na certa.
A forma mais comum do problema é a alérgica, que pode ser detonada pelo contato com aquela poeira impregnada em cortinas e tapetes. A turma que sofre de outras alergias é o alvo predileto. “Nessa gente a resposta do sistema imunológico é exagerada”, diz a oftalmologista Rosane Siladovestre de Castro, da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista.
Toda a irritação e o coça-coça ocorrem porque os mastócitos, um tipo de célula de defesa, explodem, liberando uma substância chamada histamina contra os elementos estranhos. O tratamento consiste no uso de colírios anti-histamínicos ou estabilizadores de mastócitos. Este último remédio os torna mais resistentes, evitando a descarga de histamina. Assim há menos coceira, o que é ótimo: muita fricção pode deixar cicatrizes na córnea, que perde sua transparência, prejudicando a visão. “O trauma contínuo favorece doenças que deformam essa membrana”, diz Rosane. “Às vezes até transplantes são necessários.”

Germes em ação
Quando fungos, bactérias e vírus provocam a conjuntivite, ela é infecciosa. Os invasores podem se infiltrar ali pelo contato com mãos ou lentes contaminadas por algum membro do bando. Para enfrentá-los, o corpo convoca células defensoras como leucócitos e neutrófilos- os mastócitos não entram na luta, por isso não há coceira. “Elas disparam citoquinas, substâncias que dilatam os vasos”, explica o oftalmologista Élcio Sato, da Universidade Federal de São Paulo. “É por isso que os olhos se tornam vermelhos”. E, claro, também lacrimejam muito. O pus, comum na conjuntivite bacteriana, é o que sobra dos agressores e defensores depois do combate.
Existem colírios para neutralizar a ação das bactérias. O mesmo vale para o tormento provocado por fungos, mais raro. Para o tipo viral não há remédio. Os vírus são eliminados naturalmente, como na gripe. “Compressas com água filtrada ou gotas de colírio de lágrima artificial diminuem a inflamação”, ensina Élio Sato.
Como essas conjuntivites são contagiosas, deve-se evitar compartilhar objetos de uso pessoal e tocar a região.