quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quase 70% das patologias oculares estão relacionadas à má nutrição


Os olhos de um míope de 40 anos são os de alguém de 50; envelhecem dez vezes mais que os saudáveis a partir de 10 dioptrias, segundo estabelece o catedrático de oftalmologia Jorge Alió. Assim como a pele, que é um excelente indicador indireto de como se encontram nossos órgãos visuais, os olhos precisam de antioxidantes que ajudem a reduzir ou pelo menos desacelerar esse processo de desgaste. "Eles sofrem os mesmos tipos de agressão", insiste o professor.

A luz, os raios ultravioleta e a nutrição são fatores aos quais os oftalmologistas prestam cada vez mais atenção. A boa notícia é que o clima mediterrâneo, abundante em horas de sol e raios UVA, é muito benéfico para a visão, junto com uma dieta rica em vitaminas, minerais e substâncias carotenoides e flavonoides, que protegem, varrem e limpam os radicais livres. A má notícia é o abandono em passos gigantescos dessa dieta mediterrânea.

Quando queimamos a pele, nossos olhos também podem ficar afetados, irritados, secos, inclusive com uma lesão na retina.

Seguindo a comparação, se a cenoura é boa para reforçar a proteção natural da pele contra o sol, também serve para os olhos. Além disso, talvez lhe tenham dito quando criança para comer muita para ter olhos de lince. Exageros à parte, a questão é que se trata de uma hortaliça rica em vitamina A (também presente em espinafre, tomate ou pêssego), necessária também para a visão noturna, que costuma ser muito ruim nos míopes.

Recentemente foram comercializadas lágrimas artificiais com suplemento dessa vitamina A, que pode produzir uma melhora na blefarite (inflamação crônica das pálpebras).

Cerca de 70% das patologias oculares se relacionam a problemas de desnutrição, tanto por deficiência como por excesso. É necessário ter uma alimentação saudável e equilibrada para melhorar a saúde visual.

Alimentos recomendados

Aqueles que contêm vitaminada A e B (cereais, frutos secos, verduras), C (cítricos ou pimentas), E (aspargo, alface ou ervilha) e zinco (aipo, aspargo, fígado, batata). As antiocianidinas (cereja, framboesa, maçã ou ameixa) contribuem para reparar as células nervosas da retina, trazendo nutrientes para o olho: vários autores encontraram que com seu uso melhoram os sintomas da astenopia, ou cansaço visual.

Ingerir peixe oleoso com regularidade pode ajudar a reduzir o risco de sofrer uma degeneração macular associada à idade, segundo alguns estudos. Os azeites graxos ômega 3 têm efeitos anti-inflamatórios, melhoram a qualidade da película lacrimal e reforçam os mecanismos antioxidantes do olho; favorecem o
metabolismo dos fotorreceptores da retina e se transformam em veículo de outras substâncias benéficas.

Encontramos antioxidantes naturais, como o chocolate amargo, o chá verde, melatonina e vinho tinto em doses baixas, cuja utilidade real na prevenção ou melhora das enfermidades oculares relacionadas com o aumento do metabolismo oxidativo não foi comprovada.

Em Cingapura, onde a incidência de miopia é muito alta, sua prevalência era 7% menor nas crianças que tinham sido alimentados com leite materno. O que poderia indicar que o cálcio e a vitamina D3 teriam um papel, embora muito discreto, nessa redução. Na sociedade ocidental a alimentação habitual proporciona o necessário para um metabolismo normal do olho, a menos que interfira uma doença (ou o abuso de álcool e tabaco, em alguns casos) que dificulte a absorção de vitaminas, causando uma neuropatia óptica nutricional.

Nem a miopia (um problema físico interno do olho que tem a ver com o índice de refração) se elimina sem uma intervenção cirúrgica nem existem alimentos milagrosos. Mas há remédios naturais e caseiros úteis para acalmar irritações ou reduzir olhos inchados. Como a eufrásia. Ou a camomila, cuja variedade amarga é um poderoso oxidante com propriedades anti-inflamatórias. Por via oral não faz nada. É para uso tópico: deve ser fervida em água e aplicada, sem guardar a infusão para tratamentos sucessivos porque é facilmente contaminável.

Um índice de massa corporal (IMC) mais alto é relacionado a uma maior pressão intraocular e um maior perigo de sofrer glaucoma (primeira causa de cegueira). Estudos buscam a relação que existe entre essa grave patologia visual e a alimentação, através da nutrigenômica, a ciência que indaga o efeito da nutrição em nível molecular e genético e procura como tratar doenças relacionadas ao metabolismo graças à elaboração de dietas personalizadas.